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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ministério da Saúde lança ferramenta para avaliar risco de epidemia de dengue



Preocupado com o risco de uma possível epidemia da doença, o Ministério da Saúde lançou este ano uma nova ferramenta batizada com o nome de Risco Dengue, onde orienta estados e municípios através de ações imediatas para evitar que a doença de alastre pelo país.

Nos municípios, a aplicação do Risco Dengue levará em conta não apenas a situação da doença no momento mas também um estudo dos anos anteriores, considerando a circulação viral, a incidência de casos e os bairros e quarteirões que, historicamente, concentram os índices mais altos de infestação. Assim, a ferramenta permite identificar os chamados "pontos quentes", locais onde as ações de prevenção e controle devem ser intensificadas antes do início das chuvas.

A recomendação do Ministério é que a ferramenta seja aplicada em todas as unidades da federação e nos municípios de maior porte para nortear o planejamento de ações de prevenção. Para Rogério José da Silva, coordenador do Centro de Controle de Zoonoses de Volta Redonda (CCZ), a ajuda do governo Federal tornará mais fácil para os municípios desenvolver um trabalho de prevenção contra a dengue.

- Achei a ferramenta muito interessante, porque com ela podemos apontar o problema do local e fazer um trabalho em cima de cada localidade, apesar de já estarmos tomando diversas medidas preventivas contra a proliferação da doença - esclarece. Segundo o Rogério, o trabalho de prevenção contra a dengue no município iniciou-se em julho de 1998, tendo sido atingido pela epidemia apenas em 2002.

O coordenador da Zoonoses informou que a prefeitura de Volta Redonda está atuando no trabalho de prevenção e combate à enfermidade com uma equipe de 110 agentes sanitários, sendo que 70 deles fazem visitas domiciliares; além dos agentes de combate endemias, a prefeitura tem recebido a ajuda de 180 bombeiros. - São oito equipes espalhadas em oito pontos da cidade fazendo visitas diárias, ininterruptas e contínuas. A população tem colaborado bastante, apesar dos agentes continuarem encontrando pratinhos de plantas com água, caixa d'águas abertas e calhas entupidas - explicou, lembrando que foram registradas, até julho, 130 notificações.

Baixo risco na cidade

De acordo Rogério, o último Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti(LIRAa), realizado em outubro, registrou um índice de 0,4%, considerado de baixo risco; a exceção ficou por conta dos bairros Santa Cruz e Santa Rita do Zarur e a região da Ponte Alta ao bairro São Lucas (que abrange cerca de 15 bairros), que apresentaram um índice de 1,2% - considerado de médio risco. O Ministério da Saúde considera tolerável o índice até 1%.

- Estamos priorizando um trabalho especial nestas áreas com visitas contínuas dos agentes, orientando os moradores, além de verificar vasos de plantas e tampando caixa d'águas atrás de possíveis focos da dengue. A nossa maior dificuldade é em relação às pendências, ou seja, aqueles imóveis que não conseguem ser visitados por nossos agentes e que correspondem a 20% do total. Para solucionar esse problema fazemos visitas aos sábados e pedimos a ajuda de associações de moradores e de imobiliárias - que nos fornecem as chaves de imóveis fechados-, melhorando com isso o problema, para que seja possível reduzir este índice ainda mais no próximo LIRAa, que será realizado no início de janeiro - afirma.

Alerta

Apesar do trabalho contínuo dos agentes e bombeiros,ainda é possível encontrar focos do mosquito em caixas d'água e recipientes em geral, como aqueles relacionados à reciclagem. No caso do fumacê, Rogério informou que está sendo usado apenas para pernilongos comuns; no caso da dengue é usado outro tipo de fumacê, conhecido como UBV (Ultra Baixa Volume), usado apenas em caso de epidemia.

Barra Mansa

Na opinião do coordenador da Vigilância Ambiental de Barra Mansa, Antônio Marcos, o Risco Dengue pode ajudar o órgão a fazer um melhor trabalho de combate à dengue. - Achei interessante esta iniciativa do Governo Federal, mas nós já fazemos esta metodologia onde desenvolvemos o trabalho através do mapeamento da cidade. Temos sete equipes em campo mais uma equipe dos bombeiros, que desenvolvem as ações acompanhados de um supervisor ambiental. A nossa preocupação, no momento, é com o retorno do vírus Tipo 1, que há mais de 15 anos não é registrado na região - declarou.

De acordo com Marcos, não foi registrado nenhum caso da doença em Barra Mansa entre os meses de julho e novembro; nos seis meses anteriores foram registrados 56 casos confirmados e 115 notificados. Com relação ao último LIRAa, realizado em outubro, a cidade apresentou um índice de 0,2%, sendo que o bairro de Vista Alegre foi o local que apresentou o índice mais elevado (0,5%).

Segundo Marcos, a grande preocupação em Barra Mansa é a mesma de Volta Redonda: as casas que não conseguem ser visitadas - que chegam, em alguns bairros, a representar até 30% do total. A solução encontrada, conforme informou, foi realizar visitas aos sábados e, em alguns locais, visitas noturnas agendadas com os moradores.

Outros locais que preocupam são os depósitos de pneus e de reciclagens; por isso, os agentes orientam a população para que deixem estes materiais em áreas cobertas. A cidade, por enquanto vem utilizando o fumacê específico para o mosquito da dengue apenas em casos de extrema necessidade.

Compra de equipamentos

Como preparação para o verão 2010/2011, o Ministério da Saúde já comprou 100 nebulizadores portáteis, 20 veículos para reforçar a reserva estratégica nacional e 20 equipamentos de aplicação de inseticida (fumacê). Também foram adquiridos 263 mil litros de inseticidas e 3,5 mil toneladas de larvicidas para combate ao mosquito transmissor.

Com relação aos recursos financeiros para as ações de prevenção de dengue e outras doenças, eles foram mantidos para o ano de 2011. O Teto Financeiro de Vigilância em Saúde será de R$ 1,02 bilhão, repassados aos estados e municípios trimestralmente.

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