Pelo menos 24,5 mil índios da região amazônica estão sem atendimento médico, desde que agentes de saúde entraram em greve na semana passada,
por atraso no pagamento de salário via convênio firmado com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
As informações foram divulgadas neste sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com a reportagem, a paralisação fechou 19 locais de atendimento na área do município de
São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas. Conhecidos como polo-base,
esses centros cobrem um conjunto de aldeias, prestam assistência às comunidades e executam
programas do governo, como campanhas de vacinação.
Com a greve, as campanhas foram suspensas e o atendimento dos casos mais graves é feito
em um hospital na sede do município, já sobrecarregado, segundo profissionais de saúde ouvidos
pelo Estado. Uma criança de 2 meses com pneumonia só conseguiu ser atendida graças à ajuda do
Exército. A viagem de barco dentro do município pode levar até cinco dias.
Ao todo, 340 profissionais de saúde, entre enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e dentistas,
estão em greve. O grupo alega que há atraso de dois meses no pagamento de salário
(para o governo, é um), falta de remédios e de apoio logístico para os deslocamentos às aldeias.
"A população indígena está largada", diz uma enfermeira que pediu para não ser identificada.
"Aqui sempre passamos por sérias dificuldades: quando tem combustível pro barco,
não tem medicamento. Sempre falta uma coisa."
De acordo com um outro enfermeiro, houve casos de agentes de saúde que tinham à disposição
apenas três frascos do analgésico paracetamol para atender a cerca de 3 mil pessoas.
"A gente tem de fazer uma mágica pra render", afirma.
O convênio em questão, de R$ 7,9 milhões, foi firmado pela Funasa com a ONG Associação dos
Trabalhadores de Enfermagem de São Gabriel da Cachoeira. A duração prevista inicialmente
era de maio de 2010 a maio de 2011, o que acabou sendo prorrogado até outubro deste ano.
A ONG diz que o governo lhe deve R$ 4,1 milhões.
"Estamos aguardando a resolução desse impasse. O movimento de greve é um direito dos profissionais,
que têm de reivindicar e mobilizar o governo para dar importância aos serviços prestados",
afirma a presidente da ONG, Rosilda Trindade.
Outro lado. A ONG alega que a criação, em 2010, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai),
braço do Ministério da Saúde que assumiu funções atribuídas anteriormente à Funasa, pode ter
atrapalhado o processo burocrático de liberação da verba.
Ao Estado, a assessoria do Ministério da Saúde informou que o valor referente ao recurso aditivo
(R$ 4,1 milhões) foi empenhado ontem pelo governo e a demora no pagamento se deveu a
"ajustes jurídicos" entre a associação e a Funasa. Sobre insumos, a pasta diz que não há falta de
medicamentos, mas admite que houve redução no estoque de apenas um medicamento -
paracetamol -, o que deve ser corrigido o mais rápido possível.
Insensibilidade. Para o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro,
Abraão Franco, falta sensibilidade para cuidar da questão. "O governo federal criou uma
secretaria fazendo ligação direta do Ministério da Saúde com a população indígena para facilitar o
repasse dos recursos, mas não tem sensibilidade de repassá-los de forma adequada", criticou.
Fonte: O Estado de S. Paulo
por atraso no pagamento de salário via convênio firmado com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa).
As informações foram divulgadas neste sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com a reportagem, a paralisação fechou 19 locais de atendimento na área do município de
São Gabriel da Cachoeira, no extremo noroeste do Amazonas. Conhecidos como polo-base,
esses centros cobrem um conjunto de aldeias, prestam assistência às comunidades e executam
programas do governo, como campanhas de vacinação.
Com a greve, as campanhas foram suspensas e o atendimento dos casos mais graves é feito
em um hospital na sede do município, já sobrecarregado, segundo profissionais de saúde ouvidos
pelo Estado. Uma criança de 2 meses com pneumonia só conseguiu ser atendida graças à ajuda do
Exército. A viagem de barco dentro do município pode levar até cinco dias.
Ao todo, 340 profissionais de saúde, entre enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem e dentistas,
estão em greve. O grupo alega que há atraso de dois meses no pagamento de salário
(para o governo, é um), falta de remédios e de apoio logístico para os deslocamentos às aldeias.
"A população indígena está largada", diz uma enfermeira que pediu para não ser identificada.
"Aqui sempre passamos por sérias dificuldades: quando tem combustível pro barco,
não tem medicamento. Sempre falta uma coisa."
De acordo com um outro enfermeiro, houve casos de agentes de saúde que tinham à disposição
apenas três frascos do analgésico paracetamol para atender a cerca de 3 mil pessoas.
"A gente tem de fazer uma mágica pra render", afirma.
O convênio em questão, de R$ 7,9 milhões, foi firmado pela Funasa com a ONG Associação dos
Trabalhadores de Enfermagem de São Gabriel da Cachoeira. A duração prevista inicialmente
era de maio de 2010 a maio de 2011, o que acabou sendo prorrogado até outubro deste ano.
A ONG diz que o governo lhe deve R$ 4,1 milhões.
"Estamos aguardando a resolução desse impasse. O movimento de greve é um direito dos profissionais,
que têm de reivindicar e mobilizar o governo para dar importância aos serviços prestados",
afirma a presidente da ONG, Rosilda Trindade.
Outro lado. A ONG alega que a criação, em 2010, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai),
braço do Ministério da Saúde que assumiu funções atribuídas anteriormente à Funasa, pode ter
atrapalhado o processo burocrático de liberação da verba.
Ao Estado, a assessoria do Ministério da Saúde informou que o valor referente ao recurso aditivo
(R$ 4,1 milhões) foi empenhado ontem pelo governo e a demora no pagamento se deveu a
"ajustes jurídicos" entre a associação e a Funasa. Sobre insumos, a pasta diz que não há falta de
medicamentos, mas admite que houve redução no estoque de apenas um medicamento -
paracetamol -, o que deve ser corrigido o mais rápido possível.
Insensibilidade. Para o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro,
Abraão Franco, falta sensibilidade para cuidar da questão. "O governo federal criou uma
secretaria fazendo ligação direta do Ministério da Saúde com a população indígena para facilitar o
repasse dos recursos, mas não tem sensibilidade de repassá-los de forma adequada", criticou.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário