Indígenas sofrem com a falta de estrutura nos postos de saúde das aldeias de Dourados (Foto: Hédio Fazan/OPROGRESSO)
A Saúde indígena das aldeias de Dourados-MS, entrou em colapso. Depois de médicos e odontólogos paralisarem os atendimentos por falta de salários, agora é a vez dos Agentes de Saúde, o que pode culminar no fechamento das unidades.
Os agentes fazem paralisação na próxima sexta-feira, como mecanismo de prevenção para que os salários não sejam atrasados, a exemplo do que ocorreu com os médicos e odontólogos.
Agentes sanitários também estão em crise. Não há materiais de trabalho, segundo a categoria. As vedações em vazamentos de canalização estão sendo feitas com sacolinhas plásticas.
Ontem O PROGRESSO esteve em alguns postos de saúde das aldeias Bororó e Jaguapiru. Em nenhum deles havia médico. De acordo com informações, o atendimento com o profissional está ocorrendo uma vez por semana em cada posto. Na prática, um médico atende em um posto da Reserva por dia.
O reflexo desta paralisação, que deixou apenas 30% dos médicos dentro dos postos, foi uma demanda maior de pacientes que voltam todos os dias para conseguir o atendimento não realizado no dia anterior.
Uma agente de saúde que atende na Jaguapiru disse ao O PROGRESSO que a prioridade é crianças e gestantes. Mesmo assim, a capacidade do atendimento caiu pela metade até nesta situação, devido a falta de profissionais.
Paralelo a isto um surto de diarréia, desidratação e catapora que avança entre as crianças indígenas causa lotação nas unidades de saúde.
A agente diz que os pacientes são encaminhados para a Missão Caiuás ou para o hospitais públicos de Dourados. “Dos 300 pacientes por mês que procuram o posto, cerca de apenas 70 vêm recebendo acompanhamento dos médicos”, diz.
Segundo agentes de saúde, faltam medicamentos nas prateleiras para controle de hipertensão e diabetes. De acordo com a indígena Ana Lúcia Garcia, ela teve que comprar um remédio (Amoxilina) que custou a R$ 117,00 porque não havia no posto. O medicamento é para o pai dela, que está com pneumonia. A indígena da aldeia Bororó, Dilma de Souza, não encontrou diclofenaco e analgésicos na unidade de saúde mais próxima de casa. Segundo ela, a quantidade que chega nas unidades não é capaz de durar o mês inteiro.
O presidente do Conselho Distrital Indígena, Fernando da Silva Souza, diz que a paralisação dos médicos acontece em todo o Estado.
São 38 médicos e 32 odontólogos que paralisaram os atendimentos desde o último dia 12. Em Dourados são 7 médicos e 5 dentistas. Eles alegam, que não receberam os salários do mês de fevereiro, que deveria ter sido depositado na conta no dia 7 de março.
O recurso é do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde que repassa a quantia anual de R$ 30 milhões para a ONG Missão Evangélica Caiuás.
Em relação a falta de medicamentos e deterioração dos postos de saúde a comunidade indígena cobra um repasse do Fundo Nacional que foi feito à Prefeitura em 2009, 2010 e 2011 e que seria para reformas de postos, abastecimento de medicamentos e compra de uma frota de veículos. Fernando diz que há uma demora na aquisição destas benfeitorias. Uma reunião com a prefeitura está sendo agendada.
SESAI
Em contato recente com o coordenador da Secretaria de Especial de Saúde indígena, Nelson Olazar, foi informado de que o pagamento já estará na conta dos profissionais ainda esta semana. Olazar também informou que a Sesai está em processo para a aquisição de todas as necessidades das aldeias do Estado.
A Prefeitura de Dourados foi procurada via assessoria de imprensa através de email, conforme orientação da Assecom, para eventuais esclarecimentos. No entanto a redação não obteve resposta até o fechamento desta edição.
CONFIRA: O PROGRESSO
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